Além dos testes, é possível diferenciar as doenças a partir dos sintomas e garantir o tratamento mais adequado
Por Carolina Kirchner Furquim, da Agência Einstein
Além do aumento expressivo nos casos de covid-19 após o ano novo (a maioria deles causados pela variante Ômicron), nas últimas semanas o Brasil também tem experimentado um surto de influenza (gripe) com a cepa H3N2. Em alguns casos, há a ocorrência das duas doenças, de forma simultânea, na mesma pessoa. Tanto a covid-19 quanto a gripe são causadas por vírus e, na presença de sintomas, o indivíduo precisa do diagnóstico correto para o manejo mais adequado.
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“Estamos diante de duas doenças cuja transmissão se dá exatamente da mesma maneira: de pessoa para pessoa através de gotículas emitidas pela fala, respiração, tosse ou espirro, e pelo contato com superfícies contaminadas e posterior toque no nariz, boca e até olhos, sem a higienização adequada das mãos”, explica o médico infectologista Jamal Suleiman, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
Locais com muitas pessoas e pouca ventilação favorecem a transmissão aérea (por aerossol) tanto do coronavírus quanto do vírus causador da influenza, além da propagação das gotículas. Não se sabe exatamente quanto tempo os vírus se mantêm no ar, mas é comprovado que o vento é capaz de levar esses microrganismos para longe — reforçando a importância de se manter ambientes abertos e bem ventilados.
Além da transmissão de forma igual, as duas doenças também têm alta taxa de transmissibilidade. “No caso do SARS-CoV-2, o vírus da covid-19, a transmissibilidade aumentou sensivelmente com a variante Ômicron, apesar da menor agressividade”, destaca Suleiman.
Segundo o especialista, também não há diferenças nas medidas de prevenção para ambas. “Doenças respiratórias, de forma geral, exigem estratégias não farmacológicas, tais como distanciamento físico de, pelo menos, um metro e meio entre pessoas, higiene satisfatória e constante das mãos e, muito importante, uso correto de máscara, que não é uma estratégia nova, mas se mostrou muito relevante no combate à covid-19″, reforça.
Diferencie covid-19 da influenza pelos sintomas
Quanto aos sintomas, há semelhanças e diferenças que podem ajudar o indivíduo a identificar. De acordo com Suleiman, a gripe tem início súbito, com:
• Febre alta;
• Intensa dor de cabeça;
• Dor de garganta;
• Congestão do trato respiratório alto (nariz, garganta, faringe e laringe);
• Sinais de infecção viral sistêmica: fadiga, dor no corpo e mal-estar geral.
“Eventualmente, na infecção por H3N2 se tem notado náusea e diarreia”, afirma o especialista. No caso da covid-19, são esperados sintomas como:
• Febre;
• Tosse;
• Dor de cabeça;
• Dor no corpo;
• Fadiga;
• Dor de garganta, que não vinha sendo vista nas cepas anteriores.
“Já a perda de olfato e paladar, comum nas outras variantes, pouco tem sido vista na Ômicron”, comenta Suleiman.
Atenção ao tempo de início dos sintomas
Ainda segundo o infectologista, uma diferença importante entre as doenças reside no tempo de incubação, ou o intervalo de tempo entre o contato com o vírus e o início dos sintomas.
• No caso da gripe, esse intervalo é muito curto, de três a cinco dias.
• No caso da covid-19, a incubação pode durar até 14 dias, ainda que, na média geral, os sintomas comecem a surgir a partir do quinto dia.
“O importante é que, se sentindo doente, o paciente busque assistência médica imediata para dar chance a um diagnóstico preciso. Uma vez definida a infecção viral, serão usadas estratégias para cada caso. O ideal é que, para o diagnóstico, seja feito um painel viral respiratório, se disponível, que aborda uma ampla gama de vírus. Porém, os testes moleculares rápidos têm sido perfeitamente indicados tanto para influenza quanto para covid-19, com acesso ao resultado em um curto período de tempo”, diz o médico.
Cuidados semelhantes
Diagnosticada qualquer uma das duas doenças, o isolamento é uma medida essencial. Na comparação, o tempo exigido pela influenza é bem mais curto.
“Quando não complicada, são indicados quatro dias. Se houver tratamento antiviral, ele será destinado à sintomatologia da gripe e também encurtará a cadeia de transmissão. Para a covid-19, agora conhecendo mais a doença, o isolamento passou de 14 para 10 dias. Em casos leves, se no quinto dia não houver mais sintomas, o paciente que não mora sozinho está livre para sair do isolamento, mas deve permanecer em casa e usar máscara, preferencialmente a PFF2, até que se completem 10 dias contados a partir do primeiro dia de sintomas”, orienta o especialista.
O tratamento da covid-19 não complicada, em casa, segundo ele, visa controlar os sintomas e envolve monitoramento e observação dos sinais de alarme. “Infelizmente, nenhum medicamento é capaz de mudar a história natural dessa doença, ao contrário da influenza, que conta com antivirais”, comenta.
Quanto à prevenção, além das medidas comportamentais, há imunizantes disponíveis tanto para a gripe quanto para a covid. “A vacina é uma importante estratégia farmacológica de contenção para as duas doenças. Lembrando que ambas podem evoluir, como temos visto, para casos graves, especialmente em idosos, portadores de doenças prévias e pacientes com comprometimento do sistema imunológico. Ou seja, os fatores agravantes também são os mesmos”, finaliza o médico.
(Fonte: Agência Einstein)
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